Nesta terça-feira, 9, a Western Digital convidou o Olhar Digital para o lançamento nacional do WD Black, que nos foi descrito como “um SSD gamer”. Não é a primeira vez que ouvimos falar de um produto “gamer”. Nos últimos tempos, essa moda pegou: o mercado ganhou smartphones gamers, notebooks gamers e até roteador gamer.

Mas de onde vem essa ideia de colocar a etiqueta “gamer” em todo tipo de produto? O que diferencia um roteador “normal” de um roteador gamer? A verdade é que a palavra-chave ajuda a comercializar equipamentos que, de outro modo, não teriam tanto apelo diante de um certo público potencial.

O WD Black, anunciado pela Western Digital (empresa que é dona da SanDisk) possui conexões NVMe e memória 3D Nand. Com tudo isso, o dispositivo, que já é naturalmente mais veloz do que um HD, consegue velocidades de escrita e leitura ainda mais altas que o normal.

Ou seja: o desempenho de jogos num PC com este SSD é bem melhor do que em máquinas com um HD ou um SSD SATA. Pelo menos é o que a ficha técnica do WD Black sugere. Mas o que torna este um produto “gamer”? Por que ele não é só um SSD top de linha ou de alto desempenho, tem que ser “gamer”?

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Alexandre Jannoni, diretor geral da Western Digital no Brasil, explicou aos jornalistas presentes no lançamento do WD Black que este é “um SSD de alto desempenho comercializado tendo o público gamer em mente”. As palavras que o executivo usou explicam o que está por trás desta estratégia.

O mercado de games cresce no mundo todo. Só a área de e-sports, que inclui campeonatos profissionais de “League of Legends” e “Dota 2”, por exemplo, deve lucrar cerca de US$ 1 bilhão ao final de 2018. O Brasil é o terceiro maior público cativo desse tipo de competição internacionalmente.

Tem muito dinheiro circulando, muita demanda por produtos que atinjam este público dedicado aos games. O WD Black é um SSD de alto desempenho que serve para qualquer função de um computador e atende às necessidades de qualquer usuário profissional. Mas o público gamer é mais fácil de atingir.

É mais fácil vender o WD Black como um “SSD gamer”, que imediatamente atinge os consumidores em potencial que estão dispostos a gastar, do que só vendê-lo como um “SSD top de linha” e tentar atingir todo mundo. É a mesma ideia que explica a venda de smartphones gamers – que nada mais são do que smartphones top de linha – e roteadores gamers – de alto desempenho.

Reprodução

Em alguns casos específicos, produtos gamers têm atrativos bem pensados para este setor. O Razer Phone, primeiro celular a tomar para si esta denominação, por exemplo, tem uma tela de 120 Hz, algo inédito em smartphones top de linha. Mas o usuário só deve notar a diferença em alguns jogos, e não na maioria dos outros apps.

O mesmo vale para notebooks. Os modelos denominados “gamers” são aqueles que, geralmente, possuem placa de vídeo dedicada e pequenas otimizações para rodar jogos. Mas as máquinas que conseguem rodar títulos de última geração acabam sendo grandes e pesadas demais para serem carregadas numa mochila, por exemplo, matando a portabilidade de um laptop.

E tem o caso dos roteadores gamers. Estes possuem diversas antenas, suporte a todos os padrões mais modernos de transmissão de dados sem fio, mas as fabricantes parecem se esquecer que o gamer médio prefere muito mais conexões cabeadas do que Wi-Fi, que são naturalmente mais propensas a interferências. O melhor Wi-Fi não é páreo para o melhor cabo.

Por trás disso tudo também existe aquele conceito de design cheio de pontas, cores vibrantes e muito LED colorido que dispositivos gamers carregam. Todo esse chamariz visual, vale lembrar, serve mais para destacar os produtos destinados a um público específico, e não são garantia de alto desempenho.

O WD Black, naturalmente, não segue a regra porque ninguém em sã consciência vai colocar LEDs num SSD… ou vai? O dispositivo de memória em estado sólido da Western Digital está disponível em versões de 250 GB, 500 GB e 1 TB, custando a partir de R$ 650.